A poucos dias da posse, presidente eleito terá que encontrar premiê e montar gabinete para avançar com promessas. Isso em meio à campanha para eleições legislativas e à oposição incômoda de Len Pen e Mélenchon.As imagens não são necessariamente um presente para Emmanuel Macron. Ao lado do presidente François Hollande, ele deposita flores no túmulo do soldado desconhecido, localizado sob o Arco do Triunfo, um dia depois da eleição. O Oito de Maio é um feriado na França, a cerimônia é o dever tradicional do presidente de uma república que estima cerimônias.
Para os adversários de Macron, essa é mais uma oportunidade de retratá-lo como um pupilo e reencarnação política do odiado presidente que deixa o cargo. Mas o sucessor de Hollande já mudou de postura na noite de domingo, saindo do modo de campanha para o de estadista, sua vida está agora determinada pelas funções políticas e cerimoniais do presidente francês.
Em 14 de maio ocorre a posse. Hollande deixa o esplendor do Palácio do Eliseu, enquanto Emmanuel Macron se muda para o prédio. Com ele, vem sua esposa Brigitte, que terá seu próprio escritório, mas não receberá um salário. A ex-professora quer cuidar sobretudo de questões de educação. E, embora Macron, ex-ministro da economia de Hollande, seja quase um assassino político de seu antecessor, a transferência de poder provavelmente ocorrerá sem constrangimento, como durante a passagem de Sarkozy para Hollande. O recém-eleito presidente é famoso por sua maleabilidade social.
Na próxima segunda-feira Emmanuel Macron vai apresentar seu novo governo. E mostrará como quer governar. Tudo depende da pessoa do primeiro-ministro. Sabe-se que Macron gostaria de ter uma mulher no posto, assim como ele planeja, pela primeira vez na história francesa, montar um gabinete composto em 50% por mulheres.
Em Paris, boatos correm soltos: será que o chefe ou a chefe de governo será um conservador de alta patente dos republicanos? Ou alguém do círculo dos socialistas, desastrosamente derrotados nas eleições, tais como o popular ministro da Defesa, Jean-Yves Driand? Ou um veterano, como o ex-chefe da Organização Mundial do Comércio Pascal Lamy? Ou a eurodeputada Sylvie Goulard, dos centristas? Até agora, tudo é especulação.Educação como prioridade
A próxima questão, então, é se este primeiro-ministro sobrevive às eleições parlamentares em junho, já que as relações de maioria ainda não podem ser previstas. Os conservadores sonham em levar ao posto seu novo chefe, François Baroin, para forçar Macron à coabitação e, assim, o colocar praticamente na geladeira.
Aliás, em seu gabinete, o presidente eleito quer dispor em um terço de ministros alheios à política, vindos, por exemplo, do empresariado ou do ramo da ciência. Entre as promessas de Macron, está um novo começo, para quebrar a velha classe política, como ele já fez ao ser eleito. No mais, haverá uma mistura de socialistas, centristas e conservadores – apoiantes de todos os campos já se candidataram aos cargos.
Mesmo antes das eleições para a Assembleia Nacional, Emmanuel Macron já quer implementar os primeiros projetos: novas regras para a vida política devem servir para impossibilitar escândalos, como o pagamento de membros da família com dinheiro público. Uma rápida reforma da educação deve limitar para 12 crianças o tamanho de turmas na escola primária, o que significa a criação de milhares de novos empregos para professores. E Macron quer reformar por decreto a rígida, mas altamente controversa, legislação trabalhista.
Quem vai liderar a oposição?
Após a eleição, a campanha eleitoral começa novamente. Já em quatro semanas, será eleita a nova Assembleia Nacional, em dois turnos, de forma semelhante à eleição presidencial. Então, será decidido o futuro do governo Macron. Pois seu jovem movimento nomeará seus próprios candidatos, mas deve recrutar apoiantes principalmente dos dois principais partidos.
"En Marche, la République", deve se chamar o novo movimento, disse o porta-voz de Macron, Christophe Castaner, na manhã posterior à eleição presidencial. Seria um governo de maioria, que trabalharia de forma similar à grande coalizão na Alemanha. Que seria um conceito até agora desconhecido na França.
Também é questionável se os socialistas ainda poderiam ganhar assentos significativos a nível regional, podendo se colocar, assim, à disposição como parceiros. Já os conservadores se mostram confiantes da vitória. Eles estão atualmente à frente nas pesquisas. E, pela primeira vez, a Frente Nacional, de extrema direita, estará significativamente representada no Parlamento francês, podendo ganhar até 40 lugares. Marine Le Pen já se vê como uma líder da oposição, um título, entretanto, que o extremista de esquerda Jean-Luc Mélenchon ainda pode tirar dela.
Autoria Barbara Wesel (md)
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