"Moçambique: Falta de água leva populares a vandalismo"

defaultGoverno não consegue cumprir promessa de abastecer água em dias alternados. Populares desviam condutas de água e outros lavam roupa nas valas de drenagem. Ainda assim recebem regularmente faturas sem alteração do preço. O desespero tomou conta de Madalena Matusse, residente no bairro da Malanga, a oeste da capital Maputo. A água, que devia chegar às torneiras da sua casa em dias alternados, não corre há mais de duas semanas. Madalena prefere ir à vala de drenagem lavar roupa. O Governo moçambicano não está a conseguir cumprir a promessa de abastecer água em dias alternados: "Eu não fico em casa, trabalho, mas estou aqui. Não fui trabalhar por causa disto [procurar água]."
No bairro Trevo, na cidade da Matola, Marta Matlombe mobilizou residentes para desviar uma conduta de água que abastece outros bairros: "A água não jorra nos nossos quintais nem tão pouco. Então hoje decidimos invadir o tubo geral porque já não temos outra opção. Estamos a viver de água de poço e vendem por cinco meticais um bidon."No bairro periférico de Mavalane, norte da capital, os moradores não têm água há mais de três semanas, mas continuam a receber faturas sem alteração no preço.
Mosambik Maputo Menschen füllen ihre Wasserbehälter an QuelleEstevão Chiota tem uma conta de quatro euros para pagar. "Como é que a água está a contar até a estes níveis se não estamos a usar?", pergunta o morador. "As torneiras estão secas há mais de três semanas, mas eles trouxeram faturas que estão acima de 500 meticais."
Falta água, mas não faltam faturas
A água também não jorra em casa de Verônica Zacarias. Ela queixa-se do facto de a empresa Águas da Região de Maputo continuar a mandar faturas: "Aqui já estamos dois meses sem água, mas recebemos faturas regularmente. Em Mavalane não sai água. Temos que ir para outros bairros vizinhos. Para Hulene, por exemplo."A empresa Águas da Região de Maputo nega que haja bairros que têm água 24 horas por dia. O porta-voz Afonso Mahumane refere que estão todos em regime de restrição.
"A decorrer um ou outro caso devem ser casos isolados. A haver esses casos temos de intervir no sentido de restringir. A acontecer pode ser que seja uma área isolada que pode estar a receber direitos diferentes de tal forma que quando é um dia sim recebem e quando dia não também recebe", afirma Afonso Mahumane.
Em relação às faturas, esclarece: "Nós enviamos as equipas para a verificação. Consoante a situação no local faz-se algum reajuste."
As restrições de água em Maputo, Matola e Boane devem-se à escassez de água no rio Umbeluzi, que baixou drasticamente o seu caudal devido à seca que afetou o país no último ano.

Autoria Romeu da Silva (Maputo)

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