Quando há anos a cidade costeira cipriota foi nomeada Capital Europeia da Cultura de 2017, junto com Aarhus, da Dinamarca, o orçamento parecia ser maior. Mas, em seguida, a crise financeira também chegou a Chipre. A prefeitura resolveu deixar de lado a cultura e o estado decadente da cidade velha, preferindo se concentrar no calçadão da região do porto, popular entre russos e chineses.
A coisa ficou ainda mais difícil depois de alguns patrocinadores terem abandonado o projeto Capital Europeia da Cultura, deixando disponíveis apenas 8,5 milhões de euros. A quantia era suficiente para cobrir um terço dos custos estimados e correspondia ao menor orçamento da história das capitais culturais.
"Pafos era uma zebra absoluta, mas nosso conceito, que nasceu da necessidade, acabou convencendo", diz Georgia Doetzer, diretora artística do projeto Capital da Cultura. Afinal de contas, Pafos tem duas vantagens: os sítios arqueológicos – a deusa do amor Afrodite teria nascido aqui, segundo a lenda –, que são destaques turísticos, e o calor da cidade, que dura quase o ano todo.Sítios arqueológicos como palcos
O Projeto Open Air Factory (fábrica a céu aberto) contribuiu para a escolha da cidade como capital cultural e concedeu a Pafos o prêmio cultural Mercouri Melina, de um milhão de euros. Uma dádiva para o orçamento apertado.
Os organizadores querem atrair, com um programa internacional, visitantes estrangeiros e também cipriotas do norte da ilha dividida. As atrações incluem temas da história nacional, como o golpe grego de 1974 e a posterior intervenção militar turca. Até hoje, a divisão da ilha é um ponto sensível para ambas as nações. Em Mouttalos, a cidade velha, que está sendo reformada, existe uma mesquita do tempo em que o convívio turco-grego ainda funcionava. Agora, lá vivem principalmente gregos expulsos do norte – e os "novos" refugiados.
Exército de voluntários
"Deserto cultural"
Charalamos Margaritis, um dos artistas locais, espera o mesmo. "Pafos era até agora um deserto cultural, com apenas uma sala de cinema comercial, sem teatro, sem sala de concertos. Tínhamos que ir a Nicósia ou Larnaca para ver algo", diz. Antes só era possível organizar exposições em hotéis, e hoje já existem duas galerias de arte para esse propósito.
Após viver em Paris, Margaritis se juntou com outros artistas para criar a única escola de arte privada da cidade, chamada Kimono, que oferece, entre outros, cursos de pintura, gravura, filme de animação e até arte de rua. O artista cipriota vai realizar dois eventos integrantes do projeto Capital Europeia da Cultura, incluindo um festival de desenhos animados, com oferta de workshops. Neste ano, ele espera não somente internet gratuita em toda a cidade, como também que a vida cultural de Pafos se torne tão interessante que atraia também os moradores de Nicósia e Larnaca.
Da Redação DW/CP
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