"Após desastre da política externa petista, Brasil deve retomar foco nos interesses nacionais, avalia Pestana"
A notícia de que a União Europeia e o Mercosul sinalizam interesse na negociação de um acordo de livre comércio entre os blocos pode representar uma virada para a política externa brasileira, relegada ao segundo plano durante os 13 anos de gestão petista. É o que avalia o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG). O tucano destacou que um dos caminhos para tirar o Brasil da recessão econômica é a profissionalização da atuação externa do país e o foco em acordos comerciais que sejam do interesse nacional. “Um dos grandes fatores que pode somar para a retomada do desenvolvimento e a criação de empregos é a dinamização das exportações, do comércio exterior. O Brasil é um dos países mais fechados de todo o mundo. O nosso coeficiente de comércio exterior, ou seja, o percentual da soma de importações e exportações sobre o PIB [Produto Interno Bruto], é muito baixo”, constatou.
“O Brasil tem que ter então um enorme esforço, bem agressivo mesmo, de colocar os seus produtos no exterior, se abrir para os mercados, porque tudo depende de reciprocidade”, disse.
Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (20) pelo jornal Valor Econômico, durante reunião em Davos, na Suíça, com o ministro brasileiro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira; a chanceler da Argentina, Susana Malcorra; e o ministro da Produção argentino, Francisco Cabrera; a comissária europeia de comércio, Cecilia Malmström, declarou que “o contexto internacional torna mais desejável do que nunca ter um acordo de comércio com o Mercosul”. A ideia é que os dois blocos possam anunciar um entendimento político em torno do acordo até dezembro deste ano.
Economista, o deputado Marcus Pestana explicou que um acordo entre os dois blocos seria vantajoso tanto para a União Europeia quanto para o Brasil, especialmente em um momento em que o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já deixou clara, em seu discurso de posse, sua intenção de patrocinar políticas protecionistas em solo norte-americano.
“Alguns produtos nossos devem ter grandes dificuldades. A área de frigoríficos, siderurgia, suco de laranja, café. Teremos dificuldade com aquele que é o nosso segundo parceiro depois da China, que é os Estados Unidos. Portanto, temos que abrir novas perspectivas. É muito importante essa abertura de negociações com a União Europeia, que também vive um momento de dificuldades, depois do plebiscito, o ‘Brexit’, que indicou a saída da Inglaterra da União Europeia, e também turbulências na Itália, com a derrota da reforma constitucional, que prepara também um questionamento frontal contra a zona do Euro. A União Europeia precisa abrir novos mercados”, salientou.
Mercosul
O parlamentar ressaltou que o acordo com a União Europeia também pode representar um impulso para o Mercosul, cujo propósito se desvirtuou nos últimos anos. Criado com o objetivo de ser uma área de livre comércio entre seus países membros, o bloco deixou de ser uma alavanca para a economia brasileira e se tornou um obstáculo para os acordos bilaterais, especialmente sob a liderança dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que optaram por se aliar ideologicamente a nações bolivarianas.
“A política externa na era do PT foi um desastre, uma tragédia”, considerou Pestana. “Houve um alinhamento totalmente equivocado, as parcerias com a Venezuela, com Cuba, com governos autoritários na época, com o Irã. O Brasil teve um falso protagonismo, muita bravata, muito autoelogio, muitas ações de puro marketing, mas na verdade uma falsa liderança que não se reverteu em benefícios concretos para a sociedade brasileira e para a economia nacional. Agora, é preciso um esforço pragmático”, apontou.
“O ministro José Serra [Relações Exteriores], no Itamaraty, está empreendendo esse esforço para retomar o profissionalismo, o pragmatismo, o foco nos interesses nacionais nas relações com outros países, e também o Ministério do Desenvolvimento e do Comércio tem procurado se alinhar com essa nova perspectiva, arquivando de vez no lixo da história essa onda bolivariana que tomou conta das ações brasileiras e que envolvia a Argentina dos Kirchner, o Evo Morales, Fidel Castro, Hugo Chávez. Essa coisa toda é uma herança que nós devemos nunca mais repetir”, acrescentou.
Emprego e renda
Para Marcus Pestana, a política externa brasileira deve agora focar em uma ação profissionalizada, procurando uma nova inserção do Brasil na economia mundial para “no final das contas, gerarmos emprego e renda, que é o que interessa aos brasileiros”.
“Nossa economia ainda está estagnada. Nós vamos ter um crescimento provável nesse ano de 2017 próximo de zero, depois de dois anos de crescimento gravemente negativo, mais de 3% negativo, e um desemprego que já sobe há mais de 12% da força de trabalho. Então, uma das grandes respostas terá que vir do setor externo, da dinamização do comércio exterior, das nossas exportações”, completou o deputado.
Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal Valor Econômico.
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