O Ministério do Interior pediu ao governo da cidade de Berlim que instale mais câmeras de vigilância, mas a administração local – uma coalizão entre o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e A Esquerda – afirmou que ainda está avaliando a questão e vai se pronunciar em janeiro.
Representantes dos policiais alemães consideram essa posição absurda e irresponsável. "É um pouco contraditório quando as autoridades pedem para que as pessoas lhes enviem vídeos feitos por celular e, ao mesmo tempo, se recusam a assegurar a existência de vigilância pública por câmeras de vídeo", afirmou Ernst Walter, vice-chefe de um dos principais sindicatos policiais da Alemanha.
Para ele, o governo da cidade se esconde atrás de considerações sobre proteção de dados, mas sabe que, se não tiver provas em vídeo, não conseguirá pegar criminosos. "Essa resistência tem que acabar, especialmente depois que nós vimos as consequências negativas de não pegarmos o autor de um crime", afirmou Walter.
Os sindicatos policiais acreditam que essa tecnologia poderia ter ajudado a localizar mais rapidamente Anis Amri, o principal suspeito pelo ataque em Berlim. "Você não pode parar um ataque terrorista com vigilância por vídeo", disse Walter. "Mas você pode usá-la para capturar o autor do crime. Nós vimos como isso foi ruim na Alemanha. Amri desapareceu, e não conseguimos prendê-lo."
"Caro e inútil"
Representantes do Partido Verde e de A Esquerda se opõem à ideia de instalar mais câmeras de vigilância na capital alemã. Numa entrevista, o deputado esquerdista Frank Tempel – que foi treinado como policial – classificou a vigilância por vídeo como um método de prevenção ao crime "muito caro e inútil".
Mais prejudicial do que benéfica?
Os críticos contestam a eficácia da vigilância por vídeo tanto para prevenir como para resolver crimes. Numa entrevista a uma emissora de rádio, Peter Schaar, ex-comissário federal para a proteção de dados e liberdade de informação, questionou que câmeras de vigilância poderiam ter ajudado a polícia a localizar Amri.
"As câmaras de vídeo não entregam automaticamente nome, endereço e paradeiro de alguém", criticou Schaar, lembrando que Amri havia sido identificado erroneamente em imagens de vídeo feitas do lado de fora de uma mesquita em Berlim, no dia seguinte ao ataque.
Ele argumentou que as câmeras de vídeo podem até estimular atos de terrorismo, por exemplo em casos de ataques suicidas. "Os autores dos atentados a bomba contra o sistema de transporte público de Londres, em 2005, se exibiram propositalmente às câmeras de vídeo porque esperavam que as imagens fossem exibidas pela mídia, elevando assim o efeito do ato de terrorismo."
A Associação dos Juízes Alemães também se opõe ao uso crescente de câmeras de segurança. "Os ataques terroristas podem ser até encorajados", afirmou o porta-voz Jens Gnisa, à agência de notícias alemã DPA. "Os autores de crimes podem procurar especificamente locais com vigilância de câmeras para tornar seus atos mais visíveis para o público."
Da Redação DW/CP
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