"Economistas apoiam limite de gastos como alternativa para organizar a economia"

Os economistas Samuel Pessôa e Raul Velloso defenderam, nesta quarta-feira (31), a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/16, que estabelece um teto de gastos federais por vinte anos como alternativa para organizar a economia brasileira. Eles participaram de audiência pública na comissão especial que analisa o tema.
Lucio Bernardo Junior 
Reunião Ordinária. Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV), Samuel Pessoa
Samuel Pessôa: PEC é alternativa para evitar retorno da hiperinflação da década de 1980
Segundo Pessôa, o Brasil enfrenta um problema estrutural das finanças públicas, e a PEC é uma solução para que o País não retorne aos índices de hiperinflação dos anos 80. “A proposta trata-se de instrumento para organizar nossa economia e evitar que cheguemos ao abismo inflacionário de vez. Acho que já estamos em um ciclo inflacionário, daqui a cinco anos teremos inflação na casa dos 20% ao ano. Os problemas já se acumularam demais”, disse o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Samuel Pessôa acrescentou que o Brasil enfrenta a pior crise dos últimos 120 anos e explicou que, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, houve um processo de desaceleração da economia. “Ao longo desse período, houve juros reais elevados, inflação pressionada, salários e deficit público crescendo”, apontou o economista.
Reformas
Lucio Bernardo Junior 
Reunião Ordinária. Economista Raul Velloso
Raul Velloso: teto de gastos é uma saída indispensável enquanto se discute reformas estruturantes
Para o economista, o governo Temer acerta em focar o ajuste fiscal no limite do gasto público e não no aumento de receita. “Se não mexermos com as despesas, o aumento de receitas não resolverá o problema. Coloca-se um teto para os gastos, que já está alto, e aí vamos decidir onde se gasta mais e onde se gasta menos”, defendeu.
Raul Velloso, por sua vez, destacou que o “desastre fiscal” impõe a necessidade de reformas estruturantes e a inevitabilidade dos tetos dos gastos. “Temos uma situação que se configura em um desastre insustentável, e essa configuração requer reformas difíceis de tramitação e aprovação”, comentou. “As reformas levarão tempo e é preciso sugerir uma solução que sirva de âncora para esse processo. O teto é uma ancora indispensável enquanto se discute as reformas”, completou Velloso.
Luis Macedo
Audiência pública com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Dep. Darcísio Perondi (PMDB-RS)
Relator, o deputado Darcísio Perondi também defende a aprovação da proposta apresentada pelo governo Temer
Ele explicou ainda que, atualmente, 70% dos gastos federais são com pagamento de pessoal e que, em 1987, esse gasto representava 39% das despesas. “A economia não dá mais conta de pagar”, frisou.
Relator
O relator, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), defendeu a aprovação da PEC. “Tenho convicção de que este é um momento decisivo para o País enfrentar essa penúria fiscal que vivemos e não chegar ao dia do juízo fiscal. Temos de evitar isso nos próximos vinte anos, principalmente pelos erros nos últimos dias cinco anos”, declarou o parlamentar.
Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Marcelo Oliveira

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