Deputados federais querem envolver parlamentares estaduais e vereadores de todo o Brasil no combate ao mosquito transmissor do vírus zika, da dengue e da febre chikungunya.
Zeca Ribeiro
Dep. Odorocp Monteiro: inovação tecnológica é um dos desafios para combater o mosquito
Uma rede parlamentar nacional contra o zika, vírus relacionado à microcefalia em recém-nascidos, foi lançada nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados, juntamente com a Frente Parlamentarda Dengue e Incorporação Tecnológica no Enfrentamento das Arboviroses, ou seja, das doenças transmitidas por mosquitos e ácaros.
A frente conta com 220 parlamentares. O evento de lançamento contou com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Castro, além de representantes de órgãos governamentais, laboratórios, institutos de pesquisa, conselhos e entidades municipais e estaduais.
Presidente da frente, o deputado Odorico Monteiro (PT-CE), ressaltou que um dos desafios é a inovação tecnológica no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Nós sabemos que muitas situações hoje relacionadas à zika, chikungunya ou dengue estão no limite da ciência, desde o diagnóstico até a incorporação de vacinas”, observou o parlamentar.
Outro desafio seria a criação de uma rede de proteção social para as crianças com microcefalia. “Elas vão precisar de suporte do Estado por toda a vida e também as mães, que vão ter que deixar de trabalhar”, destacou ainda Odorico Monteiro.
Zeca Ribeiro
Ministro da Saúde pediu que população colabore evitando formação de focos de reprodução do mosquito
Envolvimento da sociedade
O ministro Marcelo Castro elogiou a mobilização na Câmara e reiterou ser essencial envolver toda a sociedade no combate ao mosquito, uma vez que mais de 2/3 dos criadouros estão dentro das residências brasileiras.
“Nós temos hoje perto de 6 mil casos notificados de microcefalia. Antes, nós tínhamos em média 150 casos por ano no Brasil. É o vírus zika que está causando essa epidemia. Nós precisamos fazer um esforço. Como não temos remédio nem vacina, ainda, a arma que nos resta é eliminar o mosquito”, avaliou o ministro.
Marcelo Castro convocou a população a separar um dia da semana para inspecionar suas casas em busca dos focos de Aedes aegypti. “Nós estamos pedindo o sábado da faxina: um dia determinado da semana, seja sábado, domingo ou qualquer dia. Mas que seja escolhido um dia para cada pessoa fazer a inspeção na sua residência para eliminar os criadouros do mosquito. Quanto tempo se gasta nisso? Em média, 15 minutos.”
PEC da Saúde
Durante o lançamento da frente, diversos deputados defenderam a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/15, que aumenta o valor mínimo aplicado anualmente pela União na saúde pública. O texto que poderá ser votado na próxima semana pelo Plenário é osubstitutivo da relatora na comissão especial que analisou a PEC, deputada Carmen Zanotto (PPS-SC).
Conforme o substitutivo, a União deverá investir, pelo menos, 19,4% de sua receita corrente líquida em ações e serviços públicos de saúde ao fim de seis anos. Atualmente, a Emenda Constitucional 86 (orçamento impositivo) define os gastos mínimos da União com saúde em 13,2% da receita corrente líquida para 2016, subindo até 15% em 2020.
Carmen Zanotto, que também é vice-presidente da Frente Parlamentar da Dengue, disse que a não aprovação da PEC vai agravar a situação da saúde no Brasil. “Aí sim, nós vamos gastar mais buscando recuperar aquilo que a gente perdeu, desde as ações de prevenção, até a recuperação de um trabalhador que precisa fazer a sua cirurgia de hérnia para voltar para o mercado de trabalho”, exemplificou.
A PEC é considerada crítica pelo governo por vincular recursos em momento de economizar. Carmen Zanotto rebateu que “a saúde não pode ser vista como gasto”, mas como investimento.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Mônica Thaty
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