A CPI dos Crimes Cibernéticos ouviu nesta quinta-feira (17) o delegado federal Valdemar Latance Neto, responsável pela Operação Barba Negra, que prendeu os responsáveis pelo site Megafilmes HD, que pirateava filmes e séries de TV. O portal tinha quase 150 mil arquivos e 60 milhões de visitas por mês, 15% delas de outros países, principalmente Portugal e Japão. Era o maior site pirata da América Latina e, pelo caráter internacional, foi investigado pela Polícia Federal na operação deflagrada em novembro.
O delegado Latance informou à CPI que um dos administradores do site, preso temporariamente, declarou à polícia ter recebido remuneração de até R$ 80 mil em um mês normal de operação do site: "Ele falou que recebeu verbas de publicidade da empresa UOL e a UOL confirmou que pagou quase meio milhão de reais em publicidade para esse pessoal envolvido na operação Barba Negra”.
Latance disse que faltam esclarecimentos a respeito do financiamento dessa atividade. “Quem participou? Se há alguma pessoa que efetivamente participou da negociação ou se era uma forma automática de cadastro no site da UOL para passar a receber dinheiro por essa publicidade. São vários esclarecimentos que estão por vir ainda nesta segunda fase da investigação, cujo sigilo é imprescindível", explicou.
Sub-relator para a área de publicidade da CPI, o deputado Sandro Alex (PPS-PR) lembrou a denúncia feita por ele no início dos trabalhos da comissão sobre a publicidade, inclusive do governo, em sites criminosos. Ele fez um levantamento com os 50 maiores sites piratas no Brasil, que somaram neste ano mais de 1 bilhão de visualizações.
Sandro Alex quer que a CPI proponha um termo de ajustamento de conduta para impedir essa prática. "Nós vamos continuar essa investigação. Nós temos mais 60 dias de CPI. Nós vamos chegar à denúncia que formulei, onde pedi ao governo federal que nos fornecesse cópia das autorizações de publicidade na internet: com quem, quanto foi e para quem, porque o ministro declarou à CPI que desconhecia o fato de o governo estar anunciando em páginas criminosas, mas alguém sabia. As empresas também, porque fizeram o pagamento para um provedor e esse provedor repassou a um site criminoso", afirmou.
A polícia federal segue investigando o caso. O delegado Latance, da Polícia Federal, disse que ainda não é possível afirmar se os financiadores do site sabiam do conteúdo criminoso. O inquérito está sob sigilo.
Reportagem - Geórgia Moraes
Edição – Luciana Cesar
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