Professores e alunos da Escola de Música de Brasília manifestaram preocupação com a atual situação da instituição e criticaram a falta de diálogo com a atual direção e de investimentos por parte do governo do Distrito Federal. Os participantes debateram nesta segunda-feira (26) a atual situação da escola em audiência pública promovida pela Comissão de Cultura.
Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Patrício Lavenère: a gestão atual da escola é antidemocrática.
O professor Patrício Lavenère afirmou que a gestão atual da escola é antidemocrática. “Causa estranheza à boa administração da educação a maioria dos atos da atual direção serem feitas sem debate, sem discussão, sem qualquer construção coletiva. A educação não pode ser cristalizada, pois pressupõe o diálogo no qual todos interlocutores são ouvidos”, ressaltou. Entre as críticas levantadas por Lavenère estão a redistribuição de alunos em turmas coletivas e falas públicas do diretor atacando os docentes.
Mais contratações
O representante do Sindicato dos Professores do Distrito Federal, Polyelton de Oliveira Lima, disse que é necessário contratar mais professores e que, apesar da crise por que está passando a escola, ainda é uma instituição de excelência e de referência mundial. “O governo deve valorizar os seus servidores e ter gestores mais sensíveis, com mais investimento e debate, ouvindo aquilo que os professores estão dizendo”, afirmou.
A aluna da escola Valéria Fajardo criticou a imposição das decisões da direção. “Defendemos um ambiente favorável que nos permita enfrentar esse período de turbulência de maneira digna, sem impor regras”. Fajardo também criticou o governo distrital. “Será que existe alguém na estrutura governamental capaz de estabelecer, pelo menos, uma linha telefônica?”, provocou.
Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Orlando Santos: a falta de investimento aliada à inabilidade da direção resulta no sucateamento da escola.
O presidente do Conselho Escolar da Escola de Música de Brasília, Orlando Santos, afirmou que a falta de investimento aliada à inabilidade da direção resulta no sucateamento da escola. “Depois de mais de 50 anos, que formaram músicos eruditos e populares, vemos um futuro sombrio”, lamentou Santos.
Zona de conforto
O diretor da escola, Ayrton Macedo Pisco, rebateu as críticas e disse que os professores devem sair de sua zona de conforto. “A escola de música está falha. Nossa participação é igual a zero. Sempre acreditei que a educação musical não é algo acessório, mas uma questão de estratégia nacional, de formação de cidadania”, ponderou.
Segundo Pisco, o papel do gestor público é privilegiar o interesse do estudante “Quero que no DF, o analfabetismo musical seja zero nos próximos quatro anos”, afirmou. Ele acrescentou que, apesar das opiniões divergentes, ninguém pode acusá-lo de não defender a Escola de Música.
Patrimônio imaterial
A secretária-executiva da Secretaria de Cultura do DF, Nanan Catalão, lamentou o estado de degradação física da escola, mas afirmou que o governo distrital está trabalhando para resolver os problemas. Uma das soluções, segundo Catalão, é tombar a instituição e transformá-la em patrimônio imaterial.
A deputada Érika Kokay (PT-DF), que solicitou a audiência pública, afirmou que não existe educação sem democracia. “A Escola de Música de Brasília está na lógica de projeto de cidade, na qual a estética da vida rompe a barbárie, que destila intolerância e desigualdade”, acrescentou.
Kokay informou ainda que, por iniciativa do deputado Izalci (PSDB-DF), a bancada inteira do Distrito Federal vai destinar recursos de R$ 20 milhões, por meio de emenda de bancada, para a instituição e garantir obras em infraestrutura e compras de instrumentos e equipamentos.
Reportagem - Luiz Gustavo Xavier
Edição – Regina Céli Assumpção
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