O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse nesta quarta-feira (21) que o governo não zerou as contas das chamadas “pedaladas fiscais” (uso dos bancos públicos para pagar despesas do governo federal) em 2014. “No ano passado, quando o governo mudou a meta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que esta Casa aprovou, ele deveria ter zerado as contas das chamadas pedaladas, o que não fez. O governo empurrou pagamentos para este ano”, afirmou.
Segundo ele, o governo não conseguiu fazer superavit real até hoje.
Cunha evitou falar sobre o prazo em que responderá ao novo pedido de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, entregue por líderes da oposição (DEM, PSDB, PPS e Solidariedade) na manhã desta quarta-feira (21). Ao receber o texto, ele prometeu analisá-lo com "isenção e celeridade".
Protestos
Uma discussão entre manifestantes contrários e favoráveis à permanência do presidente da Câmara no cargo interrompeu a entrevista que Cunha dava a jornalistas.
Deputados do Psol, além das deputadas Luiza Erundina (PSB-SP) e Clarissa Garotinho (PR-RJ), e manifestantes abriram no Salão Verde uma faixa com imagens de brasileiros famosos por ações sociais, como os fundadores da Pastoral da Criança, Zilda Arns, e da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, Herbert de Souza, o Betinho, intitulada “Pequena Galeria da Dignidade Pública”.
Eles também gritaram palavras de ordem pedindo a saída de Cunha; porém, manifestantes do Movimento Brasil Livre, que também estavam no local, gritaram “fica, Cunha” e “viva Cunha” em apoio ao presidente.
O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), afirmou que espera uma reação das ruas para cobrar um fim à corrupção, em especial no Legislativo. “Espero que na rua haja um clamor em relação a toda a corrupção no País. O que não está no discurso da tribuna não está na vida”, afirmou.
Eduardo Cunha disse que as manifestações são atos normais de uma democracia. “A Casa é democrática e cada um tem o direito de se manifestar do jeito que quiser”, ressaltou. As denúncias contra Cunha vêm sendo negadas pelo presidente, que já descartou qualquer possibilidade de renúncia.
Cunha não quis comentar a proposta de indiciamento dele que o deputado Ivan Valente (Psol-SP) apresentou, em voto em separado, na CPI da Petrobras: “É problema dele e da CPI; não é da minha alçada.”
Homenagem
Pouco após a entrevista interrompida, Cunha foi ao gabinete da liderança do PMDB participar de cerimônia para incluir sua foto na galeria dos ex-líderes do partido. Cunha liderou a bancada de março de 2013 até ser eleito presidente da Câmara, em fevereiro deste ano.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – João Pitella Junior
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