O gerente de Planejamento e Orçamento da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Carlos Camacho, disse nesta quarta-feira (1º) que a companhia enfrenta dificuldades para manter suas operações, por conta da falta de recursos. “O orçamento da CTBU tem sido semprecontingenciado pelo governo, e a dificuldade para manter a operação tem sido enorme”, declarou em audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados sobre as perspectivas de melhoria do transporte público no País.
Nilson Bastian
Carlos Camacho: orçamento da CBTU não tem aumentado desde 2010
De acordo com os dados apresentados por representantes da CBTU, desde 2010, o orçamento da companhia, que é vinculada ao Ministério das Cidades, tem o mesmo valor. Porém, com a inflação, na prática há queda no montante de recursos. Camacho salientou, todavia, que neste ano o Ministério das Cidades deu “tratamento diferenciado” para a companhia, ao reduzir os cortes previstos. “Isso deu um gás para a gente. Mas, dentro do que seria desejável, nossos recursos ainda são bastante escassos.”
O assessor da Presidência da CBTU, Bernardo Galvão Medeiros, destacou, que a falta de verbas fez com que o número de falhas no sistema crescesse entre 2007 e 2014. “Nossa necessidade é muito maior do que temos recebido”, observou. Ele acrescentou que as tarifas da companhia não sofreram aumento desde 2006, ficando entre R$ 0,50 e R$ 1,80 - valores abaixo da tarifa de ônibus.
No entanto, conforme os representantes da empresa, o investimento na modernização do sistema tem sido feito pelo governo federal, por meio do PAC Equipamentos. A companhia já implantou ou está adquirindo VLTs (veículos leves sobre trilhos) em várias cidades brasileiras, e espera, com isso, aumentar o número de passageiros transportados. Hoje a sociedade de economia mista conta com 15 sistemas metroferroviários no Brasil, que somam 38 linhas. A CBTU tem 23% do total de linhas do País.
Pedestres
Já o diretor de jornalismo do portal Mobilize Brasil (sobre mobilidade urbana sustentável), Marcos de Sousa, salientou a dificuldade de o pedestre circular por grandes cidades brasileiras, como São Paulo. Segundo ele, isso ocorre por conta da prioridade dada aos carros nas cidades brasileiras nos últimos 50 anos.
O portal, destacou Sousa, quer ajudar a recuperar o espaço urbano para que as pessoas possam circular a pé, com calçadas adequadas, faixas de pedestre seguras, tempo de semáforo equilibrado em relação ao tráfego motorizado e bancos para as pessoas descansarem. “Se você transforma a estrutura da cidade em algo acolhedor para o pedestre, naturalmente as pessoas vão fazer pequenos trajetos a pé”, disse.
“As pessoas podem conjugar diferentes formas de transporte em seu dia a dia”, apontou. “O transporte coletivo tem impacto menor sobre as cidades”, completou. Ele destacou a importância de investimento em VLTs, metrôs, elevadores, teleféricos, barcos e bicicletas públicas, por exemplo.
Planos de mobilidade urbana
Na audiência, o diretor do Departamento de Regulação e Gestão da Secretaria Nacional de Transporte da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Dário Reis Lopes, informou que o órgão vai promover em agosto curso a distância de capacitação para municípios sobre a elaboração de planos de mobilidade urbana.
O deputado Valadares Filho (PSB-SE), que solicitou a reunião, comentou que o debate vai ajudar no trabalho da subcomissão de mobilidade urbana, cuja criação foi aprovada hoje pela comissão.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira
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