"Deputado contesta argumento da Petrobras para cancelamento de refinarias no Nordeste"

Em audiência na Câmara, gerente da estatal disse que nenhuma empresa citada na Operação Lava Jato foi consultada para tocar as obras das refinarias Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará – os projetos acabaram cancelados no início deste ano
A Petrobras, por meio de seu gerente de Programas de Investimentos, Paulo Turazzi de Carvalho, voltou a afirmar, nessa quarta-feira (15), em audiência pública na Câmara dos Deputados, que o cancelamento da construção das refinarias Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará, só ocorreu porque a estatal não viu mais atrativos econômicos com a implantação dos dois empreendimentos.
Segundo Carvalho, nos últimos anos, a Petrobras pensava que seria necessária uma grande produção de petróleo, porém, com as recentes mudanças econômicas ocorridas nos Estados Unidos e na Europa (mercados supostamente interessados em importar óleo refinado brasileiro) e com a queda no crescimento do País, a estatal decidiu cancelar a construção das refinarias.
Alex Ferreira 
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Segundo Raimundo Gomes de Matos, Brasil teria mercado consumidor para o petróleo produzido pelas refinarias
A explicação foi contestada pelo relator da comissão externa da Câmara que investiga o cancelamento das duas refinarias, deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE). Segundo ele, o próprio Brasil teria mercado consumidor para a utilização do petróleo.
"Foi uma decisão temerária e, mais uma vez, a Petrobras alega que o mercado externo atrapalharia a implantação das refinarias. É como se tudo no Brasil dependesse de outros países para que algo aconteça aqui”, criticou. “A quantidade de automóveis como um todo e a importação que fazemos de combustível, por si só, já justificariam a construção das refinarias", completou.
No debate, Paulo de Carvalho disse ainda que, pelo planejamento feito até o final do ano passado, os projetos das refinarias estariam prontos para serem licitados a qualquer momento.
A construção da Premium I e da Premium II foi anunciada durante o governo Lula, em 2010. Em janeiro deste ano, a Petrobras anunciou o encerramento das obras, alegando que os empreendimentos não demonstraram atratividade e que não havia parceiro econômico para a implantação. Segundo o balanço da estatal, houve perda de R$ 2,7 bilhões com o cancelamento.
Lava Jato
Ao ser perguntado por parlamentares se empresas envolvidas na Operação Lava Jato tinham interesse em fazer parte das obras, o dirigente da Petrobras comentou que apenas empresas estrangeiras vinham sendo consultadas.

"Nunca tratamos com nenhuma empresa relacionada à Lava Jato. As companhias com as quais entramos em contato em busca de parceria foram principalmente a sul-coreana GS Caltex e a chinesa Sinopec", informou.
Gabrielli
O ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foi convidado para a audiência, mas não compareceu por se considerar incapaz em responder as indagações da comissão por não ser mais o comandante da estatal.

Gomes de Matos disse que a atitude de Gabrielli demonstra seu descaso em relação ao que tem ocorrido na Petrobras.
Reportagem – Pedro Campos
Edição – Marcelo Oliveira

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