ARTIGO : O Papa e Dalai-Lama"

Desde o fim da segunda guerra mundial, em 1945, a reconstrução do mundo ocidental se deu através de grandes líderes políticos identificados com a  população numa espécie de relação paternal. Foi Konrad Adenauer, na Alemanha, Winston Churchill, na Inglaterra, Charles De Gaulle, na França, Harry Truman, nos Estados Unidos, Getúlio Vargas, no Brasil, Juan Peron, na Argentina. São alguns exemplos.
            Porém, nas décadas seguintes, cada vez mais os grandes líderes se regionalizaram até chegar ao momento atual em que o Papa Francisco e o Dalai-Lama se tornaram as duas lideranças políticas e espirituais de todo o mundo. Curiosamente, a história de suas respectivas fés surgiu há mais de 2 mil anos e neste momento se encontram num momento de confusão mundial. 600 anos antes do nascimento de Cristo, nascia na India, Sidharta Gautama, o Buda, fundador do Budismo, uma fé que abrangeu todo o Oriente. Seis séculos depois Jesus Cristo nascia na Arábia. Sua fé, conhecida como Cristianismo através do Império Romano atravessou os desertos e o mar Mediterrâneo e chegou à Europa, de onde se difundiu no Ocidente.
            A partir do Budismo e do Cristianismo houve infinitas divisões e sub-divisões, mantendo, contudo, o fio condutor da fé inicial. Ao longo desses mais de 2 mil anos, as religiões perderam muito espaço e a fé inicial diluiu-se na imensidão de credos. Porém, em pleno começo do século 21 os dois grandes líderes políticos mundiais já não os líderes políticos das grandes nações. O presidente dos EUA tem um cargo importante, mas não é um líder mundial. Nenhum outro também.
            Os dois grandes líderes políticos no mundo na atualidade, ouvidos, respeitados e acreditados, são nas áreas do Budismo e no Ocidente, o Dalai-Lama, e no Ocidente com voz respeitada também  no Oriente, o Papa Francisco.
            O que ambos tem em comum vai além da fé: a firmeza de tradições de fé que vão longe no tempo. Curioso é lembrar que as religiões já não ditam mais a fé. Mas a fé move o ideário inconsciente das pessoas em qualquer lugar do mundo. Amansa e estimula ao valor da vida com sentido transcendental além do viver diário.
            Onde vai se concluir essas duas lideranças não sei. Mas penso que depois deles a humanidade terá reaprendido referências antigas e aprendido outros valores novos para o mundo desse futuro estranho que nos atropelará sem pedir licença.
            EM TEMPO: erro no artigo “Mudanças de partidos”, publicado ontem: Blairo Maggi se elegeu governador em 2002 pelo partido PPS e não pelo PDT.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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