"Comissão aprova MP que muda o seguro-desemprego"

Por 12 votos a 7, comissão mista de deputados e senadores aprovou ontem, com alterações, a medida provisória que muda regras para obtenção do seguro-desemprego. A polêmica MP faz parte do ajuste para equilibrar as contas do governo federal. No texto aprovado (MP 665/2014), a carência para o primeiro pedido de seguro- -desemprego é de 12 meses de trabalho nos 18 meses anteriores à demissão. No segundo pedido, essa carência cai para nove meses; e nos demais, para seis meses ininterruptos de trabalho. 

O relator, Paulo Rocha (PTPA), negociou esses novos prazos com o governo, que, no texto original, previa carência de 18 meses nos dois anos anteriores à demissão.O senador também alterou a medida provisória quanto ao abono salarial, que será pago ao empregado que comprovar vínculo formal de trabalho de no mínimo 90 dias, e não mais 180 dias, como queria o governo. 

O valor do abono seguirá a mesma regra do 13º salário, ou seja, só será pago integralmente a quem trabalhar o ano inteiro. O trabalho por cinco meses, por exemplo, dará direito apenas a 5/12 do abono. Quanto ao seguro-defeso, que também faz parte da MP, Paulo Rocha baixou de três para um ano o prazo para a concessão da carteira de pescador artesanal.

 O benefício passa a ser concedido pela Previdência Social, e não mais pelo Ministério do Trabalho, o que, segundo o senador, dá ao benefício a condição de seguro especial. — Com isso, corrigem-se distorções, porque haverá abatimentos em cadastros para tirar da categoria aqueles que não são pescadores — avaliou. Ele alterou a primeira versão do relatório, apresentado no dia 14, para retirar do texto questões relativas a entidades dos pescadores e a tamanho de embarcação. 

Esses itens, disse, já fazem parte de legislações específicas. Críticas O senador afirmou que o texto final corrige as distorções que encareciam os gastos do governo e mantém os direitos dos trabalhadores. — Estão mantidos o seguro- -desemprego, o seguro-defeso e o abono salarial, apenas com ajustes — disse. A oposição tentou obstruir a votação do relatório. O deputado Glauber Braga (PSB-RJ) disse que as alterações no seguro-desemprego se somam a outras ações do governo que penalizam o trabalhador. 

O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) manifestou a insatisfação com a aprovação da medida às vésperas do 1º de maio, Dia do Trabalho. Ele espera reverter a situação nos Plenários da Câmara e do Senado. — Não vejo uma medida dessas contra o sistema financeiro ou contra poderosos do Brasil — criticou. Integrantes da Força Sindical acompanharam a votação na comissão mista e levaram cartazes com a inscrição: “Dilma: não mexa nos nossos direitos”.

Assessoria

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