A Usina Hidrelétrica de Itaipu fechará o ano de 2024 com um rombo estimado em R$ 333 milhões, de acordo com um documento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Especialistas do setor elétrico apontam que parte deste déficit pode ser atribuída a um “orçamento paralelo”, composto por patrocínios e repasses para eventos que não possuem relação direta com a geração de energia elétrica. Como empresa binacional gerida por Brasil e Paraguai, Itaipu não está sujeita à fiscalização direta de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) ou o Congresso Nacional.
Crescimento de Patrocínios e Influência na Gestão
O aumento significativo nos patrocínios começou em maio de 2023, dois meses após Ênio Verri assumir a direção-geral brasileira da hidrelétrica, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sob a gestão de Verri, Itaipu desembolsou R$ 43,8 milhões em patrocínios entre março de 2023 e outubro de 2024. Apenas em outubro, foram investidos R$ 15,9 milhões, destinados, em grande parte, a eventos do G20.
Além dos patrocínios, a hidrelétrica firmou acordos milionários, incluindo R$ 1,3 bilhão para infraestrutura em Belém (PA) e R$ 81 milhões para uma cooperativa ligada ao Movimento dos Sem Terra (MST).
Participação de Janja na Administração
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, que trabalhou por 14 anos na hidrelétrica, tem exercido influência na gestão atual. Desde o início do terceiro governo de Lula, Janja tem defendido o patrocínio de diversos eventos pela Itaipu, como o “Janjapalooza”, vinculado à cúpula do G20 em novembro de 2024.
Janja também sugeriu que a empresa apoiasse a seleção brasileira de canoagem e destacou o papel da hidrelétrica na reconstrução do Brasil, não apenas como geradora de energia limpa, mas também em projetos de responsabilidade social e sustentabilidade.
Impacto nas Tarifas de Energia
A Aneel apontou que, em 2024, mais de US$ 301 milhões foram alocados para compensar o impacto tarifário nas contas de energia, após um reajuste no Custo Unitário do Serviço de Eletricidade (Cuse). O valor aumentou de US$ 16,71 para US$ 19,28 por kW, um acréscimo que deverá ser válido até 2026.
Apesar da compensação, o aumento do Cuse, que atingiu 93% nos últimos dois anos, tem sido alvo de críticas. Segundo Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, os consumidores brasileiros estão arcando com o custo desses reajustes na conta de luz, enquanto recursos são destinados a projetos que ele classifica como “orçamento paralelo”.
Reflexão sobre a Gestão e a Sustentabilidade
Os gastos de Itaipu com patrocínios e projetos não relacionados diretamente à produção de energia levantam preocupações sobre a sustentabilidade financeira da hidrelétrica e o impacto nos consumidores brasileiros, que enfrentam tarifas de energia cada vez mais elevadas. Informações baseadas em levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e no portal Poder360.
Assessoria/Caminho Político
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