Ele explica como o republicano pode jogar a eleição para a Câmara dos Deputados. Allen Kukovich, importante líder democrata no estado da Pensilvânia, disse hoje à Fórum que os institutos de pesquisa, preocupados em não repetir os erros que cometeram em 2016 e 2020 contra Donald Trump, desta vez estão subestimando os votos na vice-presidente Kamala Harris. Ele deu entrevista aos repórteres Mike Elk e Fernando Cavalcanti, do site sindical Payday Report, que estão trabalhando em colaboração com a Fórum em Pittsburgh.A cidade da Pensilvânia é o epicentro da disputa eleitoral deste ano nos Estados Unidos.
Analistas afirmam que o vencedor na Pensilvânia será o próximo presidente.
Pesquisa divulgada hoje pelo New York Times, feita pelo instituto Siena entre 29 de outubro e 2 de novembro, com 1.527 eleitores inclinados a votar -- o voto não é obrigatório nos EUA -- mostra Kamala e Trump empatados com 48% na Pensilvânia.
Na pesquisa anterior, Kamala tinha 4 pontos de vantagem.
O instituto Siena é um dos mais respeitados dos EUA.
Já a pesquisa AtlasIntel, que o próprio Donald Trump fez questão de divulgar, mostra Trump com 49,1% contra 47,4% de Kamala na Pensilvânia, com 2% de indecisos, 0,9% para Jill Stein e 0,5% para Chase Oliver.
O levantamento foi feito nos dias 1 e 2 com 2.049 entrevistados e margem de erro de 2 pontos para mais ou menos.
Ou seja, a vantagem de Trump é dentro da margem de erro.
Na pesquisa anterior, o republicano tinha 1,1% de vantagem, que agora aumentou para 1,7%.
A AtlasIntel também está na lista de empresas que mais acertam previsões eleitorais nos EUA.
Miragem das pesquisas
Allen Kukovich diz que as pesquisas estão enxergando uma "miragem", causada pelas mudanças de metodologia dos institutos, que no passado não conseguiam chegar aos eleitores da zona rural da Pensilvânia, que se negam a responder e majoritariamente votam em Trump:
As pesquisas estão sobrecompensando os erros que cometeram contra o Trump anos atrás. Elas não estão considerando os novos eleitores registrados, que são em sua maioria mulheres jovens. As pesquisas é que fazem esta disputa parecer equilibrada. Eu ficaria surpreso se a Harris não vencer nacionalmente por 8 milhões de votos. Trump está gastando mais dinheiro na Pensilvânia e na Geórgia. As pessoas que se registraram no último mês não estão sendo ouvidas pelas pesquisas.
Kukovich diz que existe um grande entusiasmo em torno de Kamala Harris na Pensilvânia. Ele não vê o mesmo entre os eleitores de Trump.
Afirma estar "cautelosamente otimista" sobre vitórias da democrata na votação popular e no Colégio Eleitoral.
Como seria o golpe de Trump
Kukovich afirma estar mais preocupado com o pós-eleição.
Segundo ele, Trump parece estar assentando as bases para contestar os resultados:
Acho que ele vai perder tudo na Justiça. Mas Trump tem gente que instalou no sistema eleitoral em vários estados. Até 11 de dezembro todos os resultados tem de ser certificados. Se ele conseguir adiar isso, é possível que Harris vença por milhões de votos, mas não tenha os 270 necessários no Colégio Eleitoral, o que pode levar a eleição para a Câmara dos Deputados. Vocês viram a violência [do 6 de janeiro]. Agora há mais ameaças de violência, que pode acontecer de maneira planejada especialmente em áreas-chave, onde o voto não tiver sido certificado.
Se a eleição acabar na Câmara dos Deputados, será decidida pelos votos de cada delegação estadual. A Câmara será totalmente renovada em 5 de novembro.
Hoje, os republicanos controlam 26 delegações estaduais, contra 22 dos democratas. Há empate em dois estados (Minnesota e Carolina do Norte).
Nos últimos dias, autoridades registraram incêndio em caixas de correio de várias cidades dos EUA. Os democratas são maioria no voto antecipado via postal.
Luiz Carlos Azenha/Caminho Político
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