Berlim tem 1,1 mil crimes ligados ao conflito Israel-Hamas

Maioria dos casos envolve danos a propriedade, como pichações com slogans anti-Israel, mas também houve casos de resistência à prisão e agressão contra policiais, além de uma tentativa de ataque contra uma sinagoga. Desde o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro, a polícia de Berlim já registou 1.199 crimes relacionados com a escalada do conflito no Oriente Médio, entre eles danos à propriedade e resistência a agentes da polícia durante manifestações.
No total, foram contabilizados 386 casos de danos materiais, a maioria pichações pró-Palestina ou slogans anti-Israel. Também foram relatados casos de imagens pintadas no chão de campos esportivos e grafitis com slogans contra um alegado "genocídio" contra os palestinos.
Crimes violentos
De acordo com a polícia de Berlim, houve também 345 crimes violentos, incluindo 201 atos de resistência e 50 lesões corporais, a maioria deles em uma manifestação de grupos palestinos. Em outubro, um ato realizado pela organização Samidoun - posteriormente banida pelo governo - reuniu centenas de pessoas, algumas das quais celebraram os ataques terroristas contra Israel perpetrados pelo Hamas.
Exibindo bandeiras palestinas, membros do grupo entoaram cantos contra Israel e distribuíram doces para os participantes, reunidos na via Sonnenallee.
No mesmo mês, uma sinagoga da capital alemã foi alvo de uma tentativa de ataque incendiário.
Também houve 93 atos de incitação durante as manifestações e 21 de coerção e ameaças.
As investigações estão sendo realizadas pela LKA, a agência estadual de segurança, responsável pelos crimes políticos.
Mais de 2,6 mil casos no país
Em toda a Alemanha, no último mês, foram contabilizados mais de 2,6 mil crimes relacionados ao conflito no Oriente Médio, informou na terça-feira (08/11) o Bundeskriminalamt (BKA), a agência federal de investigações.
A maioria trata-se de danos materiais, incitamento ao ódio e crimes de resistência.
Glorificação da violência proibida na Constituição
Na Alemanha, a incitação ou glorificação da violência contra grupos étnicos ou nacionais é proibida pela Constituição. O país considera a segurança de Israel uma "responsabilidade histórica", razão pela qual não tolera questionamentos à existência do Estado judeu e ao seu direito de defesa. Já o Hamas tem por missão estatutária a aniquilação de Israel.
Um dia após o Hamas invadir Israel e massacrar cerca de 1.400 pessoas, sequestrando outras mais de 200, manifestantes pró-Palestina se reuniram em um distrito de Berlim para celebrar o episódio e distribuir doces a passantes. O ato foi posteriormente dispersado pela polícia, mas gerou mal-estar e indignação na opinião pública do país que, durante a Segunda Guerra Mundial, foi responsável pela morte de 6 milhões de judeus.
Na esteira desse episódio, a polícia anunciou a proibição pontual de atos que representassem possíveis "perigos para a segurança e para a ordem pública". A medida afetou 20 de um total de 45 protestos desde a eclosão do conflito – a liberdade de reunião em locais públicos é um direito fundamental garantido pela Constituição alemã, mas manifestações precisam ser comunicadas previamente à polícia.
Alguns ativistas pró-Palestina afirmam se sentir pouco à vontade na Alemanha para expressar suas visões sobre o conflito e temem que isso possa afetar suas carreiras ou, no caso de estrangeiros, permissões para viver no país.
Indignação com celebração de massacre
A celebração da chacina no dia 8 de outubro provocou indignação no meio político alemão. O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que classificou os ataques do grupo Hamas a Israel como "atos bárbaros", disse que não aceitará "que os ataques hediondos contra Israel sejam celebrados" nas ruas da Alemanha.
"O sofrimento, a destruição e a morte de tantas pessoas não podem ser motivo de alegria".
Críticas na ONU
Esta semana, o governo alemão foi duramente criticado perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU).
Vários países, especialmente os de maioria muçulmana, denunciaram o que apontaram como esforços do país no sentido de restringir manifestações pró-Palestina e a discriminação de imigrantes e adeptos do islã.
Durante audiência do Conselho em Genebra, na Suíça, representantes de Catar, Líbia, Egito, Iraque, dentre outros, acusaram autoridades alemãs de violarem o direito dos cidadãos à livre reunião – alguns desses mesmos países já estiveram sob crítica internacional por reprimir violentamente protestos e cometer outras violações de direitos humanos.
Já o representante da Autoridade Palestina criticou as exportações de material de defesa a Israel, afirmando que ele estaria sendo usado para cometer crimes na Faixa de Gaza.
le (DPA, ots)Caminho Politico
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