Famoso por podcast "Serial", homem é solto após 23 anos

Adnan Syed foi condenado à prisão perpétua nos EUA por suposto homicídio da ex-namorada, que sempre negou. Reviravolta no caso veio após sucesso do podcast jornalístico. Uma juíza dos Estados Unidos ordenou nesta segunda-feira-feira (19/09) a libertação de um homem detido há quase 23 anos e condenado à prisão perpétua por um homicídio que sempre negou ter cometido. Adnan Syed, hoje com 41 anos, foi condenado à prisão perpétua em 2000 pelo assassinato da ex-namorada Hae Min Lee, em Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos. Em 2018, o caso foi reaberto após a grande repercussão do podcast jornalístico Serial, que apontou falhas na investigação.
Em uma reviravolta inesperada, a procuradora de Baltimore, Marilyn Mosby, apresentou na semana passada uma requisição de anulação do veredicto, explicando que tinha dúvidas sobre a culpabilidade de Syed e pedindo sua libertação.
Mosby alegou a existência de "dois suspeitos alternativos", uma informação crucial que não foi devidamente explorada na época da prisão e que, acima de tudo, não tinha sido comunicada à defesa antes do julgamento.
Nesta segunda-feira, a juíza Melissa Phinn validou o pedido da procuradora, em uma audiência lotada em um tribunal de Baltimore, à qual compareceram Syed, familiares e amigos.
Phinn decidiu que o Estado violou sua obrigação legal de compartilhar evidências que poderiam ter reforçado a defesa de Syed. A magistrada ordenou que ele fosse libertado e colocado em monitoramento eletrônico. O Estado tem 30 dias para definir se buscará uma data para um novo julgamento ou se arquivará o caso.
"Tudo bem, senhor Syed, você está livre para se juntar a sua família", disse Phinn ao final da audiência.Mosby insistiu, porém, que a Justiça "ainda não declarou Adnan Syed inocente" e que aguarda resultados de análises de DNA adicionais para decidir se retira as acusações ou promove um novo julgamento.
Syed não falou durante a audiência, nem se dirigiu a repórteres. Após a audiência, sua advogada, Erica Suter, descreveu a reação do cliente: "Ele disse que não podia acreditar que fosse real."
"Estamos muito felizes e aliviados por ele finalmente estar livre", disse Sara Patel, amiga de Syed.
Podcast investigativo
O caso teve início em fevereiro de 1999, quando a polícia encontrou o corpo de Hae Min Lee, de 18 anos, semienterrado numa floresta de Baltimore. Detido com apenas 17 anos de idade, Syed foi condenado à prisão perpétua um ano depois.
Em 2014, uma equipe de jornalistas realizou uma investigação narrada em 12 episódios no podcast de grande sucesso Serial, que já foi baixado mais de 300 milhões de vezes e inspirou um documentário da HBO.
A investigação dos jornalistas mostrou que a defesa de Syed negligenciou uma perícia ao celular que era favorável ao acusado, assim como o depoimento de uma jovem que oferecia um possível álibi. O trabalho apresentado em Serial levou à reabertura do caso em março de 2018.
le/lf (AP, AFP, Lusa, ots)/Caminho Político
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