AGOSTO DOURADO: Leite fraco, dor, fissuras nos seios. Tire dúvidas sobre amamentação

Médica pediatra e neonatologista do Hospital Santa Rosa, Paula Bumlai, esclarece o que é mito e verdade sobre aleitamento materno. Meu leite é fraco para o bebê? Preciso dar água, além do leite? Vai doer? Ao mesmo tempo que é um momento muito aguardado pelas mães, a amamentação pode vir carregada de dúvidas e desafios. Pensando nisso, a pediatra e coordenadora da linha materno infantil do Hospital Santa Rosa, Paula Gattass Bumlai, esclarece mitos e verdades sobre o assunto. “Estamos no mês dedicado à amamentação. E não é à toa que recebe o nome de ‘Agosto Dourado’, pois o leite materno é um alimento completo, rico em água, proteínas, minerais e todos os nutrientes que o bebê precisa. É muito importante estimularmos as mães, em especial as de primeira viagem, sobre a importância do aleitamento materno. São inúmeros os benefícios da amamentação: proteção contra doenças, desenvolvimento da musculatura facial, ajuda o intestino do neném a funcionar, reduzindo as cólicas, entre outros”, destaca Paula.
Além disso, a amamentação faz bem à saúde da mãe. “Já temos estudos que comprovam que amamentar diminui chances de desenvolver câncer de mama ou de ovário”, frisa a pediatra.
O que é mito e verdade?
Com experiência no assunto, a médica pediatra do Hospital Santa Rosa responde alguns dos principais questionamentos sobre amamentação que circulam no cotidiano de muitas famílias:
Existe leite fraco?
Mito. Não existe leite fraco. O organismo da mulher é programado para produção do leite de forma completa. O leite é nutritivo, contém gorduras, proteínas, células de defesa, tudo na medida certa e ideal para cada tipo de bebê. Inclusive, a natureza é tão sábia que o leite da mãe de prematuro tem uma concentração um pouco maior de calorias do que o leite de uma mãe de um bebê que nasceu com 9 meses. Justamente, porque o corpo dela se adequa à necessidade nutricional que aquela criança precisa. Importante explicar que o leite passa por várias etapas: inicial, quando o volume é pequeno, mas muito mais concentrado, mais gordo e rico. Depois, temos um leite maduro, adequado para criança de zero a seis meses, que não recebem outros alimentos. A partir do sexto mês, ele se torna adequado para essa faixa etária, e por aí vai.
Estresse e nervosismo atrapalham a produção de leite?
Verdade. Estresse, nervosismo, ansiedade, insegurança atrapalham. Todos esses sentimentos estimulam hormônios, que agem no efeito contrário à amamentação.
Amamentar dói?
Nem mito e nem verdade. Isso varia de acordo com a sensibilidade da mãe. Mas a amamentação não dói. Logo no início, até o bebê adequar à pega, pode ocorrer uma sensibilidade maior nas mamas, por conta da sucção várias vezes ao dia. Podem ocorrer fissuras, que inclusive é algo que não impede a amamentação. No entanto, se a dor persistir após esse período de adaptação, é necessária avaliação médica de um pediatra ou ginecologista, para descartar alguma doença.
É anticoncepcional?
Nem mito e nem verdade. A amamentação não é um método anticoncepcional 100% seguro. Para isso acontecer, a lactante não pode sofrer influências do ambiente externo, não pode usar nenhuma medicação, alimentação tem que estar equilibrada, livre de estresse. Ou seja, condições ideais para liberação dos hormônios produtores da amamentação, que agem também como inibidores da ovulação. Então, qualquer fator que altere isso, como um quadro gripal, uso de medicação, alimentação desequilibrada, pode influenciar e ocasionar um processo de ovulação, mesmo em aleitamento exclusivo, e uma gravidez indesejada.
Cerveja preta, canjica e canja de galinha ajudam aumentar a produção de leite?
Mito. Não existe relação entre o consumo de determinados tipos de alimentos com a produção de leite. No entanto, uma alimentação equilibrada e saudável auxilia o organismo da mulher. Em relação ao consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica, é totalmente contraindicado. Não pode consumir nem na gestação e nem na amamentação.
Bebês em aleitamento materno precisam beber água ou chá?
Mito. Como já foi dito, o leite materno é um leite completo, equilibrado e com todas as necessidades que a criança precisa no início da vida. Então, o bebê que amamenta não precisa de água e nem de chá. Mesmo em dias de muito calor. Orientamos as mães e acompanharem a hidratação do bebê. Uma forma de fazer isso é observando a urina e se tem perda de peso. Caso seja detectada a desidratação, a mãe poderá ofertar mais vezes a mama, aumentando a ingestão de leite pela criança. A reidratação será feita com o leite materno, não com água.
Amamentar ajuda emagrecer?
Nem mito e nem verdade. Mantendo uma dieta balanceada, a mulher em aleitamento exclusivo gasta cerca de 900 a 1.200 calorias por dia. Se ela acrescentar a isso exercícios físicos adequados, pode retornar ao peso de forma mais rápida. Mas não adianta comer demais ou comer errado (excesso de açúcar, gorduras), porque a amamentação sozinha não emagrece.
Revezamento de seios ajuda?
Mito. O revezamento de seios não interfere na amamentação. O ideal é que a mãe massageie as mamas previamente à amamentação para facilitar a ordenha. E sempre que possível alterne os seios, não na mesma mamada, porque muitas vezes o bebê não consegue consumir toda essa quantidade de leite. A alternância auxilia na produção por igual de leite nos seios e evita que uma mama fique com tamanho diferente da outra.
Amamentar deixa os seios flácidos e caídos?
Nem mito e nem verdade. A amamentação em si não é responsável pela flacidez nos seios. O que ocorre é que há um aumento no tamanho deles durante a gestação e no aleitamento. E como ao redor da mama há mais tecido glandular do que muscular, com o tempo é natural o seio ficar mais flácido. Isso ocorre com todas as mulheres, independente da amamentação.
Silicone nos seios atrapalha?
Mito. É muito comum as mulheres terem essa dúvida. Tanto quem fez cirurgia de redução da mama quanto quem colocou prótese de silicone pode amamentar normalmente. Importante que a técnica cirúrgica utilizada mantenha o tecido glandular. Só não será possível em casos de mastectomia radical, quando há a retirada do seio devido a um câncer ou doença grave.
Pode amamentar na UTI?
Verdade. Não só pode, como deve. A amamentação é essencial dentro de uma UTI neonatal. Nem sempre será com o bebê acoplado à mama, devido às condições de saúde, nível de prematuridade. Porém, é importante o estímulo à ordenha na beira do leito, em casa. E até mesmo o uso do leite de banco. Com certeza o leite materno deve ser o alimento principal e regra da UTI. Caso isso não esteja ocorrendo dessa forma, a mãe precisa exigir com que aconteça. Porque o leite humano é o melhor alimento para o bebê, seja ele doente, prematuro ou não.
Assessoria/CaminhoPolítico
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