Carla Machado escreveu sobre o perfil da pessoa cooperativa e passou em uma seleção criteriosa que envolvia trabalhos vindos de vários países. Com o artigo intitulado “As relações do indivíduo com a comunidade como impulso para o desenvolvimento do perfil da pessoa cooperativa”, a professora Carla Machado foi selecionada para representar o Brasil no Congresso Mundial de Cooperativas, em evento prévio (Conferência de Pesquisa Cooperativa da Aliança Cooperativa Internacional), que ocorre entre 28 e 30 de novembro, antecipando o Congresso que será realizado de 1º a 3 de dezembro próximo em Seul, na Coreia do Sul.
A professora da graduação e coordenadora da pós-graduação e extensão da Faculdade de Cooperativismo (Icoop) em Mato Grosso passou por uma seleção que envolveu artigos vindos de diversos países. Do total, 180 foram selecionados para apresentação no evento e, neste rol de vencedores, há apenas 19 textos de pesquisadores brasileiros.
Os materiais serão apresentados durante 3 dias em Seul e Carla, como autora de uma das obras eleitas, prepara-se para este momento. A expectativa dela é grande, tendo em vista que a professora terá a importante tarefa de mostrar aos pares, que também pesquisam sobre o cooperativismo, que Mato Grosso é produtor qualificado de conhecimento.
“Estou muito feliz em ter a oportunidade de trocar conhecimentos com pessoas que também foram picadas pelo bichinho do cooperativismo e passaram a ter o sangue verde (risos). O cooperativismo é diferente. É uma forma de trabalhar com mais humanismo e com objetivo de construir uma vida com mais oportunidade para todos”, afirma.
No artigo, Carla faz uma revisão bibliográfica sobre o tema com autores estrangeiros e, principalmente, com o pesquisador brasileiro José Eduardo de Miranda, que contribuiu com duas produções entre as referências bibliográficas. Ele é um dos docentes da pós-graduação em Direito Corporativo no Icoop e é reconhecido pela atuação nesta área e também pelas colaborações que faz em relação à identidade cooperativista.
Construção da ideia - Como é graduada em psicologia e pós-graduada em cooperativismo, Carla Machado conseguiu convergir os dois olhares sobre o tema, trazendo investigações da área psicossocial, neurociência e sociobiológicas. “A ideia é conhecer os motivos que fazem uma pessoa ser cooperativa e outra não, perpassando sempre a educação, área que atuo hoje”, explica.
E, depois do evento em Seul, esta pesquisa será aproveitada pela professora, que hoje é mestranda na Universidade de Mondragón, no País Basco, na Espanha – cidade referência para cooperativismo no mundo, com ênfase nos setores de trabalho e industrial.
No trabalho de conclusão de mestrado, Carla pretende apresentar uma ferramenta para identificar o quão cooperativista é uma pessoa ou quais competências cooperativistas ela tem. Mondragón tem um modelo, mas ele está focado em um público diferente e com particularidades daquela localidade, que são divergentes das do Brasil.
Usando da revisão bibliográfica, a pesquisadora pretende fazer trabalho de campo para comprovar o funcionamento da ferramenta, que poderá ajudar as cooperativas na contratação de colaboradores e na construção de políticas públicas que favoreçam o fortalecimento e até mesmo a construção do perfil cooperativo.
A escolha – A seleção dos artigos foi realizada pela Aliança Cooperativa Internacional. O objetivo comum a todos era identificar como a identidade cooperativa auxilia a reconstruir melhor juntos e superar crises com solidariedade e resiliência.
Os jovens também terão vez e voz
Guilherme Gimenez, 21 anos, formou-se no final do mês de outubro. Ele é um dos integrantes da primeira turma de tecnólogo em Gestão Cooperativa do Icoop e foi selecionado para ser uma das 25 vozes jovens do cooperativismo do mundo.
O jovem, que trabalha em uma cooperativa de crédito, já está arrumando as malas e treinando o inglês para não fazer feio em sua primeira aparição pública, que será em Seul, no mesmo congresso.
Desde que foi selecionado, após a avaliação de um vídeo e, em seguida, por entrevistas realizadas pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Guilherme participa de reuniões constantes com pessoas de outros países e disse que já despertou o interesse por algumas estratégias, diferentes das praticadas no Brasil.
Uma delas é das cooperativas de crédito dos Estados Unidos, que são responsáveis por 15% de todo mercado financeiro. Naquele país, explica Guilherme, as atuações não são divididas em setores como aqui. Lá, o que faz um negócio receber investimento da cooperativa ou se transformar em uma cooperativa é a viabilidade. Então, como tudo pode ser avaliado, existe uma criatividade maior nos tipos de negócios.
No grupo de 25 vozes, existem 4 brasileiros, sendo dois de Mato Grosso. Além de Guilherme, a aluna Camille Frozza, de Campo Verde também compõem o grupo
Segundo a professora Sandra Regina, coordenadora do curso de graduação do Icoob, “esse resultado nos encheu de orgulho e alegria. É a contemplação do esforço de todos os envolvidos nesse processo. E a escolha do Guilherme e da Camila apenas ressaltou que o grande segredo do sucesso é se dedicar ao que se gosta”.
Esta é a primeira participação dos nossos alunos em um evento internacional. Com muitas expectativas em torno do evento, para a Professora Sandra Cristina: “Será a primeira de muitas, com certeza. Está sendo um caminho de aprendizado, pois existem barreiras como a cultura, a língua e a distância. Mas estamos unidos por um propósito maior que é a disseminação do cooperativismo. Então sempre, as dificuldades tornam-se desafios e viram oportunidades. E desse modo, vamos conseguindo agregar pessoas nessa jornada encantadora”.
Sobre o Sistema OCB/MT - A Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso – Sistema OCB/MT – é uma entidade formada por 3 instituições que fazem papéis distintos e ao mesmo tempo interligados, focados no suporte às cooperativas: OCB/MT - Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso; Sescoop/MT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Mato Grosso; e o I.Coop - Faculdade de Cooperativismo.
Rosana Vargas/Caminho Político
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