PANDEMIA: Nova onda de covid-19 atinge a Europa

Países pareciam ter superado o pior da crise do coronavírus. Mas a vacinação lenta e o avanço de novas variantes levaram a uma nova explosão de casos. Muitos voltam agora ao lockdown. Uma nova explosão no número de casos de covid-19 levou neste fim de semana vários países da Europa a retomarem medidas de restrições, em meio à crescente frustração da população com o avanço lento da vacinação.
França e Itália confinaram novamente grande parte de sua população, enquanto a Alemanha, há meses em lockdown, deve anunciar nesta segunda-feira (22/03) a suspensão da reabertura tímida que tentava levar adiante.
Segundo o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças, uma agência da União Europeia, 20 países do bloco enfrentam atualmente uma escalada no número de casos. Destes, 15 estão com as UTIs a cada dia mais cheias.
Em três semanas, a incidência de infecções por covid-19 subiu em média mais de 34% nos países, o que é atribuído ao avanço de novas variantes da doença, como a britânica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a necessidade de não afrouxar medidas de confinamento. E especialistas dizem que a vacinação, no estágio em que se encontra, não será suficiente para evitar mais uma onda de covid.
"A incidência de casos continua sua tendência crescente. Já vimos três semanas consecutivas de crescimento em casos covid-19, com mais de 1,2 milhões de novos casos relatados na semana passada em toda a Europa”, disse na quarta-feira Hans Henri P. Kluge, diretor da OMS para a Europa. "Que não haja dúvidas: a vacinação por si só - particularmente dada a variada aceitação nos países - não substitui as medidas de saúde pública e sociais."
A experiência na UE está divergindo do Reino Unido e dos EUA, que implementaram programas de vacinação eficazes e estão vendo as taxas de casos caírem.
Explosão de casos na Alemanha
Na Alemanha, o aumento de novos casos cresce há três semanas, e especialistas falam em "crescimento exponencial" atribuído diretamente à variante britânica – 75% dos casos testados seriam dela.
A incidência acumulada de covid-19 na Alemanha em sete dias é de 103,9 novos casos por 100 mil habitantes. É a primeira vez que a marca de 100 é superada em quase dois meses. As novas infecções totalizaram 13.733 nas últimas 24 horas, quase três mil a mais do que há uma semana.
Nos últimos dias, a incidência tem aumentado acentuadamente: 86,2 na quarta-feira, 90 na quinta-feira, 95,6 na sexta-feira e 99,9 no sábado, em comparação com 79 casos no domingo passado e 65 há duas semanas.
Como a chanceler Angela Merkel antecipou na sexta-feira, na reunião com os governadores nesta segunda-feira não será para aliviar ainda mais as restrições, mas para reintroduzir algumas das medidas que já estão em vigor há algum tempo.
Na França, por sua vez, mais de um terço da população está agora sob medidas de restrição de movimentação.
Na Itália, metade das 20 regiões, que incluem as cidades de Roma, Milão e Veneza, estão sob duras restrições desde a semana passada.
Em regiões demarcadas como "zonas vermelhas", as pessoas não poderão sair de suas casas, exceto por motivos de trabalho ou saúde, com todas as lojas não essenciais fechadas.
Vacinação lenta
A União Europeia enfrenta a nova onda de covid-19 com grande preocupação econômica – seu PIB sofreu contração de 6,4% no ano passado e esperava-se para este ano uma retomada mais rápida. O futuro, dizem especialistas, depende em muito da eficácia das campanhas de vacinação.
Mas, enquanto nos EUA um em cada seis adultos já foi totalmente vacinado contra covid-19, e o Reino Unido já aplicou a primeira dose em metade da população, na UE a coisa caminha mais devagar.
Nos países do bloco europeu, em média apenas 10% da população recebeu uma primeira dose da vacina. Totalmente vacinados, foram até o início deste domingo apenas 4,5% da população do bloco.
Uma cúpula da UE marcada para quinta e sexta-feira em Bruxelas não será mais realizada pessoalmente devido à aceleração da nova onda do coronavírus na Europa.
O chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, que organiza as reuniões regulares dos líderes, tomou a decisão após a explosão dos casos nesta semana.
A reunião está marcada para tratar de vários temas sensíveis, incluindo a a desorganização na resposta da UE à pandemia.
rpr (afp, dpa, ap)cp
@CaminhoPolitico

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