Visita virtual leva acalento aos corações de pacientes internados com Covid-19

No Hospital Referência à Covid-19 e no São Benedito, equipes de psicólogos e assistentes sociais garantem o acolhimento e suporte emocional. Já se passaram nove meses desde que a pandemia de Covid-19 afetou a vida dos cuiabanos, alterando rotinas, fechando portas, levando pessoas queridas, afastando e isolando. Muitos ignoram a gravidade do problema. Outros, aos poucos voltam à rotina anterior à pandemia. Mas a realidade é desoladora para muitos que ainda sofrem a perda ou que têm parentes e amigos internados em um leito de hospital. A nova doença e o risco de contaminação fizeram com que as visitas fossem proibidas, mas, pensado no bem-estar dos pacientes e na humanização do atendimento, a Prefeitura de Cuiabá implantou a “Visita Virtual” no Hospital São Benedito e no Hospital Referência à Covid-19, onde estão distribuídos os 135 leitos de UTI exclusivos para casos da doença. O projeto começou no São Benedito, após iniciativa da servidora Maria de Lourdes Wollinger, coordenadora de Qualidade, que apresentou a proposta e obteve dois tablets para realizar as visitas virtuais, onde os pacientes conversam por videochamada com familiares. “Ter um paciente internado e você não poder ver é muito angustiante. Então, ter uma visita virtual ajuda a melhorar o quadro do paciente, o paciente passa a ter mais garra e vontade de lutar”, afirma Maria de Lourdes. No São Benedito, a visita virtual funciona em dias e horários determinados e conta com autorização por escrito dos atendidos, que são acolhidos por psicólogos e assistentes sociais. O projeto fez tanto sucesso que passou a atender também os pacientes internados em outras alas diversas da Covid-19, uma vez que eles também não estão recebendo visitas presenciais. De acordo com o diretor administrativo da unidade hospitalar, Célio Rodrigues, antes das visitas virtuais, os familiares tinham acesso apenas ao boletim médico diariamente. No entanto, o boletim geralmente “é mais frio” por conter informações técnicas médicas sobre o quadro de saúde do paciente. De julho para cá, o São Benedito já realizou mais de 630 visitas virtuais. No Hospital Referência à Covid-19, mais de 800 visitas virtuais já foram realizadas ao longo da pandemia. Lá, as equipes de Psicologia e Assistência Social dispõem de três tablets e se dividem no atendimento, sendo que a primeira realiza chamadas até mesmo com os pacientes intubados, quando é da vontade dos familiares ao menos ver como eles estão sendo tratados. O acolhimento é feito desde a internação até após a alta e, em casos de óbitos, a humanização está presente no contato com os familiares, explica a responsável técnica de Psicologia, Teluíra Borges de Abreu. “Nosso trabalho é prestar acolhimento, dar suporte emocional aos pacientes e familiares. Esse atendimento é importante porque a pessoa acaba sofrendo privação social e a visita virtual é o único meio de ela ter contato. A gente ouve muitos agradecimentos dos pacientes. Os familiares também agradecem a atenção pois é uma forma de acalmar o coração dessas pessoas”, afirma Teluíra. Thaylly de Jesus da Silva é filha da dona Maria Lúcia de Jesus, 57, que está internada no Hospital Referência à Covid-19 desde o dia 22 de agosto e só consegue se comunicar com a família por meio da visita virtual, por videochamada. Thaylly conta que a mãe é hipertensa e diabética e chegou a ficar 43 dias intubada, mas atualmente apresenta melhora, embora ainda faça uso da máquina de oxigênio. “Saudade e esperança”, resume a filha da paciente ao ser perguntada sobre os sentimentos que transbordam neste momento. Dona Maria Lúcia conversa com a filha, o marido e demais membros da família a cada dois dias. A ligação não tem limite de tempo. Elas conversam a vontade, chegam a fazer chamada em grupo, para que as irmãs de dona Maria também possam matar a saudade. Elas rezam juntas, conversam sobre o tratamento e até dão risada juntas. “Ela se sente mais feliz, ela fica mais motivada, ela ri”, relata Thaylly, que, extremamente emocionada, afirma desejar que a mãe volte para casa até a virada de ano e que, em 2021, “isso seja somente uma lembrança”. Ela ainda comenta que espera “que as pessoas se conscientizem porque essa doença é muito séria”. Assessoria/Caminho Político @CaminhoPolitico

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