Segundo o documento, no ano que passou, "pelo menos 4.579 pessoas perderam a vida quando tentavam atravessar o Mar Mediterrâneo a partir da Líbia", ou seja, uma em cada 40 pessoas, sendo que 700 eram crianças.
O estudo faz uma análise detalhada sobre os enormes riscos que as crianças refugiadas e migrantes enfrentam quando fazem a perigosa viagem da África subsariana através da Líbia e por mar até Itália.
181 mil migrantes tentaram a travessia só em 2016
Cerca de metade das mulheres e crianças entrevistadas reportaram abusos sexuais durante o percurso, na maior parte dos casos várias vezes e em vários locais. A maioria referiu também ter pago a contrabandistas no início da viagem, o que as deixou extremamente vulneráveis a abusos, rapto e tráfico devido ao sistema de "pay as you go" (pagamento por etapas). As péssimas condições e a sobrelotação, incluindo a falta de alimentos e abrigo adequados nos centros de detenção líbios geridos pelo Governo e por milícias armadas, foram outras realidades reportadas.
Na altura em que foi feito o inquérito, foram registados 256.000 migrantes na Líbia, entre os quais 30.803 mulheres e 23.102 crianças, um terço das quais não acompanhadas. No entanto, segundo o documento, é de prever que os números reais sejam pelo menos o triplo.
Tendência manteve-se em janeiro
Já em janeiro deste ano, no auge do inverno, 4.463 pessoas fizeram a travessia até Itália. Segundo a UNICEF, só na última semana do primeiro mês do ano, 1.852 pessoas fizeram o trajeto, um número oito vezes superior à mesma semana do ano anterior.
Estima-se que 228 mortes tenham ocorrido já este ano nesta rota e que pelo menos 40 crianças tenham já perdido a vida.
Crianças desenraizadas na agenda da UNICEF
A UNICEF pretende ainda manter a aprendizagem de todas as crianças refugiadas e o acesso a serviços de saúde e ainda pressionar para que sejam tomadas medidas para combater as causas dos movimentos de refugiados e migrantes em larga escala.
O relatório dá conta ainda que a organização pretende promover medidas para combater a xenofobia, a discriminação e a marginalização em países de trânsito ou de destino.
A UNICEF pediu aos Governos e à União Europeia que apoiem e adotem esta agenda de ação.
Agência Lusa
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