"União Europeia renova barreiras contra aço brasileiro"

Trabalhador de uma fábrica de açoEstados membros aprovam sistema de cotas que atinge vários países exportadores em quase 30 categorias de produtos siderúrgicos. Brasil será afetado em sete delas. Medida entra em vigor em fevereiro e vai até 2021. A Comissão Europeia aprovou nesta quarta-feira (16/01) a imposição de novas barreiras às importações de derivados de aço. A medida, prevista para entrar em vigor em 2 de fevereiro, atinge indústrias siderúrgicas de vários países, incluindo a brasileira. Em votação, a maioria dos países da União Europeia (UE) decidiu substituir, de forma definitiva, as medidas provisórias relacionadas à importação de aço que entraram em vigor em julho do ano passado, estendendo-as por mais dois anos e meio, até julho de 2021.
O pacote aprovado estabelece cotas para quase 30 categorias de produtos. O Brasil deve ser afetado em sete delas: laminados a frio, folhas metálicas, laminados de aço inoxidável, laminados a quente, chapas grossas, perfis e tubos sem costura.
Os produtos semiacabados de aço – que representam o maior volume das exportações brasileiras aos países europeus – não foram incluídos na lista.
Outros países que devem ser afetados com as novas cotas são a Turquia, em 17 categorias de produtos, a China, em 16 categorias, e a Índia, em 15 produtos. Rússia, Coreia do Sul e Ucrânia também estão entre os maiores exportadores de aço para a UE.
As cotas a serem aplicadas às importações devem ser definidas com base em uma média dos últimos três anos, adicionando 5%. Após a cota ser atingida, será empregada uma sobretaxa de 25%.
Segundo a Comissão Europeia, as barreiras visam proteger a produção de aço do bloco europeu, depois de a decisão dos Estados Unidos de impor sobretaxas à importação do aço ter gerado uma abundância de produtos siderúrgicos no mercado internacional.
"Estas medidas destinam-se a proteger os produtores siderúrgicos europeus na sequência do desvio do comércio de aço para o mercado da UE de outros produtores de todo o mundo, após as medidas unilaterais dos EUA que restringem as importações de aço para o mercado americano", afirmou Bruxelas em comunicado.
Em 2018, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, num passo que gerou tensões comerciais com grandes produtores, como a China.
Em nota nesta quarta-feira, o governo brasileiro informou que já tomou conhecimento da decisão de Bruxelas e disse estar "dialogando com a União Europeia com o objetivo de preservar as exportações das empresas nacionais". "Consultas a respeito do tema ainda estão em andamento entre o Brasil e a União Europeia", diz o texto.
"Em coordenação com os demais órgãos de governo e com o setor privado, o Itamaraty continuará atuando com todo o empenho na defesa dos interesses dos exportadores brasileiros."
Segundo o jornal O Globo, citando uma fonte em Brasília, o governo brasileiro pretende buscar o apoio dos demais países atingidos pelas cotas europeias para forçar a UE a voltar atrás na medida. O país também não descarta recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o pacote de barreiras.
Segundo o Instituto Aço Brasil, a indústria brasileira exportou 2,1 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos para a União Europeia em 2018. O montante representa 15% do total exportado pelo Brasil ao mundo todo.
EK/dpa/lusa/ots/cp

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